Eu costumo conversar bastante com os meus colegas maquiadores sobre pele, especialmente sobre o que chamamos de “o mito da pele perfeita”, que muitas vezes impera sobre a imaginação dos nossos clientes e dificulta o nosso trabalho.

Nem a cor dos olhos de Madonna escaparam do photoshop…
Bom, não é à toa que esse ideal de pele caiu de vez no gosto de grande parte das mulheres… São inúmeros os exemplos de celebridades e modelos em capas de revistas e campanhas publicitárias exibindo peles (e corpos também!) tratados à perfeição por programas de edição de imagens… Até pessoas não famosas têm usado desses mesmos recursos para editar as fotos que postam no instagram ou noutras mídias sociais, buscando atingir esse padrão de beleza tão difundido porém completamente irreal!
Diante disso tudo, muitas vezes as pessoas esperam da maquiagem um verdadeiro milagre, um photoshop disfarçado de cosmético, o que não é verdade… Em primeiro lugar, é bom esclarecer que maquiagem só consegue corrigir problemas de COR, mas não de TEXTURA, por exemplo: um bom corretivo pode tirar a vermelhidão de uma espinha, mas não consegue diminuir o seu volume. Aquele inchadinho vai continuar lá, não tem jeito. Ainda assim, alguns problemas leves de textura como poros dilatados e pequenas linhas de expressão podem sim ser amenizados (nunca corrigidos completamente) com a ajuda de um bom primer, o que já é muito bom!

Nem as atrizes jovens de pele perfeita escapam…
Então, na hora da maquiagem, eu acredito que o ideal é buscar o equilíbrio ao invés de tentar corrigir 100% de uma mancha ou olheira, pois a chamada “camuflagem” tem um preço que pode ser muito alto! A regra básica é: quanto mais corrigimos uma pele, menos natural ela fica, simples assim. E entre ter uma pele com defeitos amenizados e ter algo “perfeito” sem cara de pele, eu prefiro a primeira opção, sem sombra de dúvidas.
É verdade que hoje contamos com produtos de alto desempenho, que têm uma concentração tão grande de pigmento que não precisamos usar grandes quantidades sobre a pele para obter uma correção satisfatória, mas se perdermos esse ponto de equilíbrio que tanto defendo, podemos trocar uma queixa do tipo “Lu, socorro, eu odeio minha olheira” por outra pior ainda “Lu, essa pele está muito pesada” e aí aquele esforço todo terá sido em vão.

Angelina Jolie: Será que precisava mesmo “melhorar” o que já era naturalmente tão lindo?
Na prática, precisamos avaliar algumas coisas para saber até onde podemos ir com a correção: o quanto aquela pele segura em termos de produto (quanto melhor a sua textura, mais produto ela consegue segurar), em que clima estamos (se for muito quente e úmido, não dá pra caprichar na quantidade nem na espessura das camadas), de qual ocasião estamos falando (eventos à luz do dia denunciam logo o excesso de produto, por exemplo, enquanto studios fotográficos podem ajustar luz e ângulo para favorecer a maquiagem da melhor forma possível), entre outros aspectos. Sim, é muita coisa pra se levar em conta, por isso eu digo que maquiar é resolver uma equação de mil variáveis em poucos segundos.
Fato é que maquiagem não é tratamento de pele instantâneo, e muitas vezes precisamos explicar isso a quem estamos atendendo (e até a nós mesmos). E como disse Barbara Migliori no seu último vídeo com a Vic Ceridono, melhor investir nos cuidados com a pele para poder pegar leve na maquiagem do que cuidar mal da pele e ter que compensar usando um monte de corretivo, não é mesmo?
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